ARCIL 40 ANOS
A ARCIL – Associação para a Recuperação de Cidadãos Inadaptados da Lousã, foi fundada no ano de 1976, na sequência da conjugação de vontades e esforços de uma Técnica de Serviço Social e de um grupo de pais de crianças com deficiência. Na altura, em pleno período pós-revolucionário que se seguiu à Revolução de Abril de 1974, os serviços de apoio a esta população existiam apenas nos grandes centros urbanos, e eram, na sua maior parte, serviços especializados em deficiências sensoriais ou motoras. Não existiam respostas vocacionadas para a população com deficiência mental na Lousã ou nos concelhos limítrofes. Na sequência de um trabalho de sinalização de crianças em risco, promovido pelo Centro de Saúde local, a Técnica responsável sinalizou também um número elevado de crianças com deficiência que se encontravam em casa, sem qualquer intervenção especializada. Acresce referir que, até à Revolução de Abril, a Rede Escolar portuguesa não aceitava crianças e jovens com deficiência, dispensando-os, inclusive, do dever de frequentar a escolaridade.
A aceitação difícil destas crianças no meio escolar e a inexistência de escolas vocacionadas para este tipo de atendimento determinaram a criação, um pouco por todo o país, de estruturas como a ARCIL, sob a forma de associações de pais ou cooperativas de ensino especial. Em paralelo, o movimento de defesa do direito à igualdade de oportunidades educacionais lutava pela criação de aulas de Ensino Especial, procurando garantir o acesso e o cumprimento da escolaridade obrigatória para todas as crianças e a intervenção especializada para as crianças com deficiência.
A ARCIL surge assim, neste contexto sociopolítico, com muitas dificuldades na obtenção de recursos físicos, técnicos e humanos, que foram sendo colmatados com a doação de um edifício antigo que funciona até hoje como sede – o Centro D. Emília de Carvalho -, com os apoios económicos dos Ministérios dos Assuntos Sociais e da Educação e da Cultura, de Autarquias, de entidades privadas nacionais e estrangeiras, e com o trabalho em regime de voluntariado de muitos portugueses e estrangeiros, que ajudaram a erguer as primeiras respostas às 46 crianças que começaram a ser apoiadas em Fevereiro de 1977.
Nos seus primeiros Estatutos, a ARCIL “…tem como objetivo contribuir para a promoção do diminuído dos concelhos da Lousã, Miranda do Corvo, Góis e Poiares, através do propósito de dar expressão ao dever de solidariedade e de justiça social entre os indivíduos…”.
Apesar da terminologia utilizada na altura, entretanto caída em desuso e substituída sucessivamente por outros conceitos, conceptualmente enraizados em ideologias mais valorizadoras e mais integradoras das pessoas com deficiência e/ou incapacidade, convém ressalvar a presença de conceitos, princípios e valores que até hoje se encontram na intervenção da ARCIL, designadamente:
- O trabalho de promoção da pessoa com deficiência e/ou incapacidade, no sentido global de contribuir para o seu desenvolvimento máximo como pessoa e da alteração e valoração da sua imagem na sociedade;
- O dever de solidariedade e de justiça social entre os indivíduos;
- A integração da pessoa com deficiência na família e na sociedade;
- A estreita ligação com a família, visando um efetivo exercício da cooperação e da complementaridade;
- A visão integradora da criança com deficiência nas estruturas regulares de ensino;
- A importância da formação profissional do indivíduo com deficiência, a valorização das suas competências e a sua motivação para o exercício de uma atividade profissional;
- A necessidade de conceção e implementação de atividades de cariz ocupacional e/ou profissional adaptadas e estruturadas.
No entanto, se ao nível dos princípios e da filosofia de intervenção da Instituição as diferenças são ténues, entre 1976 e a atualidade, o mesmo não acontece em relação aos seus destinatários, às atividades que desenvolve e aos recursos físicos, técnicos, humanos e financeiros que coloca ao serviço da sua Missão. A ARCIL cresceu em número de utentes, os seus utentes cresceram e de crianças passaram a jovens e adultos, as respostas existentes no início – as unidades educativas e de estimulação sensorial -, transformaram-se substancialmente e deram origem, por exemplo, aos atuais Centros de Atividades Ocupacionais e ao Projeto Integração Escolar. Foram sendo criadas novas unidades, novas respostas, novas equipas, projetos e parcerias a nível local, regional, nacional e internacional, procurando a qualificação, a especialização, a adequação das respostas às necessidades específicas de cada pessoa.
Inicialmente designada Associação para a Recuperação de Crianças Inadaptadas da Lousã, vê o termo Crianças substituído pelo termo Cidadãos em 1993, já que o grupo inicial de crianças apoiadas se alargou a jovens e adultos com deficiência. Reconhecida como Instituição de Utilidade Pública (I.U.P.) em 1980 e constituída como IPSS – Instituição Particular de Solidariedade Social em 1983, a ARCIL tem vindo a concretizar alterações de ordem estrutural e funcional, numa tentativa constante de se adaptar às transformações sociais, políticas, económicas e ideológicas que têm vindo a afetar o seu contexto.
CRONOLOGIA DOS ACONTECIMENTOS – 40 ANOS
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11-04-1976
25-06-1976
23-12-1976
Início de 1977
03-06-1979
1979/1980
14-04-1980
1981
Início de 1982
23-06-1982
Outubro de 1982
Início de 1983
1982/1983
05-02-1984
1985
Janeiro de 1986
Verão de 1986
Outubro de 1986
Novembro de 1986
1986
1987
1988
Julho de 1988
1989
1989/1990
1990
Novembro de 1990
Verão de 1991
Início de 1992
Meados de 1992
05-12-1992
1992/1993
Início de 1993
28-06-1993
1994
Fevereiro de 1994
15-04-1994
Verão de 1994
06-10-1994
Início de 1995
23-09-1995
Início de 1996
Meados de 1996
1997
05-05-1998
Novembro de 1998
1999
Início de 2000
Meados de 2000
Dezembro de 2000
2001
Início de 2002
Finais de 2002
2003
2004
2006
Início de 2007
2007
07-02-2008
2009
Início de 2010
2010
2011
2012
2013
15-05-2014
24-06-2015
2016
Comemoração do 40º Aniversário da Instituição.