À conversa com…
Professor Casimiro de Almeida Jacinto
Com a celebração do 45º Aniversário da ARCIL, convidámos o Professor Casimiro de Almeida Jacinto para, numa conversa informal, prestar o seu testemunho sobre o seu vínculo à ARCIL.
Casimiro Jacinto foi um dos professores fundadores da ARCIL. Decorria o ano de 1977, quando foi convidado pelo Professor – e então presidente da Direção – António Rodrigues de Almeida Maio, para lecionar na instituição como professor destacado.
Durante seis anos, exerceu as suas funções como Professor de aulas práticas, trabalhando com todo o tipo de crianças, desde as mais autónomas àquelas com maior incapacidade.
É com carinho que recorda a forma como convite do Professor Maio, o ligou de forma permanente à ARCIL até os dias de hoje. “Durante os seis anos em que lecionei na ARCIL, são muitas as lembranças que guardo até hoje. Muitas delas claro, ligadas ao ensino, mas não só!”. Relembra que nos primórdios da ARCIL, todos, independentemente da sua função, contribuíam para responder às necessidades existentes – “para além do ofício principal, colaborava-se em tudo o que fosse necessário” –, nomeadamente no transporte de crianças. Casimiro relembra que antes das aulas começarem por volta das 09:30h da manhã, o dia começava antes disso: “por volta das 07:30h/08:00h da manhã, começava-se nos transportes dos utentes. Era comum professores e demais auxiliares fazerem parte das equipas de transportação das crianças, de suas casas (maioritariamente fora do Concelho da Lousã) para a ARCIL”. Toda a colaboração era necessária e importante, para a Instituição.
Com alguma nostalgia à mistura, recorda como professores e auxiliares ajudaram na reconstrução do edifício que é hoje a sede da ARCIL, sempre de forma voluntária e fora do período laboral, em prol do melhoramento da Instituição. “Em 1977/78, foi aqui construída a primeira piscina do concelho da Lousã (onde hoje funciona a ARCIL Saúde). Também na sua construção, todos ajudavam na mão de obra. (…) Todos trazíamos lanches e petiscos para partilharmos no fim do trabalho árduo. Os convívios muitas vezes duravam até às 2h e 3h da manhã” – recorda animado. “A construção desta piscina trouxe a oportunidade a muitas crianças do concelho de aprenderem a nadar”.
Mais tarde, as obras de (re)construção seguintes não foram diferentes: “vinham muitos voluntários de fora, maioritariamente estudantes estrangeiros, para ajudar nas obras. Vinham de vários países como Holanda, Bélgica e outros. Apenas lhes eram pagas as refeições e proporcionados alguns passeios, como forma de agradecimento (nomeadamente a praias e locais turísticos).” (…) “Estes jovens voluntários, muitas vezes angariavam fundos nos seus países de origem, enviando-os para a ARCIL de forma a ajudar no financiamento para a reconstrução do edificado”.
Enquanto falamos destes apoios, Casimiro recorda como ele próprio também colaborou voluntariamente na angariação de recursos para a instituição: “antigamente faziam-se muitos bailes, festas e quermesses, existindo assim muitas possibilidades de angariar dinheiro para várias coletividades” (…) “muitas vezes articulava com os conjuntos musicais para atuarem de forma quase gratuita, faziam-se merendas e petiscos de maneira a angariar mais algum dinheiro, para no final ser dividido por todas as coletividades envolvidas.” (…) “Eram bons tempos, sem dúvida, mas também difíceis… fazíamos de tudo um pouco, o importante era arranjarmos os recursos necessários”.
Durante esta conversa, lembra como era comum “bater-se a várias portas” por forma a tentar arranjar financiamentos para a constante remodelação/reconstrução do edificado da instituição. “Recordo-me bem do primeiro contacto com o Dr. Marques Leandro – na altura a exercer funções como Secretário de Estado. Eu, o Professor Maio e o Eugénio Amaro, entrámos em contacto com ele, o que na altura permitiu a vinda de alguns apoios não só para a reconstrução, mas também em muitas outras áreas.”
Toda esta participação ativa na vida da ARCIL, decorreu no período em que lecionou na instituição enquanto Professor destacado, mas também depois disso – “saí da ARCIL em 1982/1983, mas a minha ligação mantém-se até aos dias de hoje.”
São 53 anos de vida associativa ativa passando não só pela ARCIL, mas também pela Filarmónica Lousanense, Estrelinhas da Ponte do Areal e pelo Clube Desportivo Lousanense.
Na ARCIL, em 1979, fez parte da Comissão de Gestão provisória como Vogal da Direção e mais tarde no mesmo ano, integrou o Conselho Fiscal, terminando o mandato em 1981. Após 35 anos sem fazer parte dos Corpos Gerentes da Instituição, regressa em 2016 integrando a Direção da ARCIL como vogal, cargo que atualmente ainda ocupa.
Bem-haja Professor Casimiro, por ter aceite este convite e por fazer parte, com todo o empenho e dedicação, da história da ARCIL!
julho de 2021, Professor Casimiro de Almeida Jacinto e Salomé Sério